Lucilia Santos Lopes Ribeiro
Meninão! É pra
mim? O livro todo?
E essa dona, eu
conheço? Olha os brincos...
É de ouro? Bem
velhinha...
Olha eu aqui... Aqui
tudo, as pratileiras,
as vasilhas, o
balcão, até a balança, as rapaduras,
as sombrinhas, os
molhos... Tudo limpinho... Brilhando...
Ficou até bonito...
Tudo fica limpinho na fotografia,
as cores,
colorido... Olha, ali... As verduras novinhas,
verdinhas... Os
pratos... Eu aqui de avental...
Ocê tem certeza? É
um presente mermo?
Ocê sabe, ôce faz
um bem pra nós, minha mãe...
Ontem ela tava
lembrando d'ocê, ela pergunta, quer saber,
ocê sabe né, os
velhos são assim... ainda ontem...
Eu falando dela,
olh'ela aqui na frente da televisão dela,
rezando a missa
dela... É assim...
E olha, é Anália,
o fogão acesso, ela já bem velha também,
né, ocê conheceu
ela bem? Conheceu né!
Ê mulher que
trabalhou! E como... que Deus a tenha...
A vida... A vida...
Né meninão!
E essa velhinha aqui
cheirando o nenenzinho?
Lá de Minas Novas?
Parteira? A minha mãe também...
Já não usa mais
por aqui, ocê sabe, as coisas vão mudando...
Branquinho ele...
Ela velhinha... As mãos...
Uai, meninão! Peraí
meninão! Deix'eu tirar os óculo,
senão dá reflexo,
eu fico melhor sem ele...
Meninão, meninão!
…
Lucilia Santos Lopes
Ribeiro
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