Leivina Ferreira Nunes
e Bernardino Lopes de Caldas
Bernardino Lopes de Caldas
e José João Batista
Evangelina Gonçalves Soares,
Bernardino Lopes de Caldas
e Aleila de
Caldas Moreira
Bernardino Lopes de Caldas
e o Grupo de Roda Luz que Brilha
As
imagens acima foram captadas em São João Marques, Chapada do Norte,
em
27 de julho de 2014. Muitas vezes, quando nos encontravamos,
Seu
Bernardo, como gostava de dizer, me saldava assim:
Oi
Lori, coração de bala doce
se
eu pudesse eu te levava
por
todo lugar que eu fosse.
Aquele
dia não foi diferente, e durante a viagem para São João Marques,
a
prosa correndo solta, a alegria expressa nos gestos e no jeito
matreiro
de
sorrir, Seu Bernardo contou casos e fasanhas, e cantou inúmeros
versos,
entre
eles:
Ocê
disse que não me quer
eu
também não faço empenho
nem
bonita ocê num é
nem
dinheiro ocê num têm.
Que
morena bonitinha
couro
de jacu com pena
seus
cabelos é quem me mata
suas
cores é quem me condena.
O dia correu solto, muitas alegrias, muitos encontros, o compromisso
de me apresentar aos amigos e familiares, a fé, as benzenções, a
cantoria
com o Grupo de Roda Luz que Brilha, a poesia do querer bem da vida,
os encantamentos... No finalzinho da tarde, de volta a Ribeirão de
Areia,
a noite principiando, uma confissão em forma de versos, no riscado
da palavra:
Lori, eu fico muito satisfeito,
por isso, ocê sabe, eu tô do meio
pro fim, mas eu só deixo de cantar
quando eu não aguentar mais
e os companheiros não alembrar de mim.
...
Lori Figueiró
Bernardino
Lopes de Caldas
Recordo
Seu Bernardo,
Bernardino
Lopes de Caldas,
no
contente da vida me confessar:
“eu
não tenho gosto de aprender as coisas
que
não são boas, Lori,
mas
as coisas que Deus deixou,
eu
gosto de praticar.”
Era manhã de um azul
arranhado de nuvens
em Ribeirão de Areia. A luz
inundava o curso
seco das águas... O sentido
misterioso
da vida cumpria o seu dever de
tecer
e atar, sutilmente, os laços
que me prenderiam
ao Mestre. Hoje, grato aos
seus ensinamentos,
aceno com as minhas mãos,
na certeza de que ali, ou quem
sabe lá,
nas outras paragens, ele
matreiro, cismando sutilezas,
os dedos na viola, o chapéu
vistoso,
recrie em versos os riscados
da vida,
os bordados do amor,
poetando...
_ Senhor, eu sei que ela
está aqui,
veio muito antes de mim
e é para ela, meu Pai,
que eu quero me declarar,
é
para ela os meus versos:
“Eu vou cantar meu nove
Nas asas de um canarinho.
Que morena bonitinha
Do nariz afiladinho.
Que morena bonitinha
Do nariz afiladinho.
Se seus braços é uma
gaiola
Eu vou ser seu canarinho.”
_ Eu tô muito satisfeito é
por isso, meu Pai,
aonde eu cheguei não tem
tristeza
e se tiver, eu passo a
espora
e mando embora!
Lori Figueiró
É preciso lembrar, meu caro Lori Figueiró. Só assim os que foram ganham a presença
que a memória possibilita, pois ninguém morre quando permanece vivo no dizer do
coração dos homens. Só morre aquele de quem precisamos esquecer: a esses é
reservado o silêncio frio do esquecimento. Abraços.
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