terça-feira, 22 de maio de 2012
ROSAS
ROSAS
Ilídia Batista Lopes,
com seus 96 anos,
é o morador mais idoso em
São Gonçalo do Rio das Pedras.
Na manhã do último domingo, assim que eu cheguei em sua casa, D. Ilídia foi logo
anunciando saudades e que havia guardado uma lembrança para mim.
O presente, Rosas, uma poesia da sua infância longínqua, que ela fez questão de frisar:
eu tinha oito anos , aprendi com Tio Joãozinho, meu professor.
Encantado, pedi a ela que repetisse para que eu pudesse registrar.
Rosas
Segundo a lenda antiga
Maria com São José
fugindo da gente inimiga
transpondo caminhos a pé
e a proporsão que Maria
deixou rastro no chão
todos os caminhos floriam
de rosas em profusão
um branco doce suave
rosas que nenhuma havia
pela terra que não fossem
da cor dos pés de Maria
depois do tempo volvido
o peso de imensas cruzes
pelo caminho florido
um homem passou Jesus
passou pelas barracas
nas asas das abelhas
nos tufos das rosas brancas
brotaram rosas vermelhas
só duas cores havia
de rosas que aqui resistem
a cor dos pés de Maria
e a cor das chagas de Cristo.
( autor desconhecido )
Mais a tarde, encontrei novamente com D. Ilídia, agora no gramado da Igreja de São Gonçalo,
na companhia de amigos e admiradores, assistindo a um Concerto de Bandas Musicais.
Uma luz emanava dos seus olhos envolvendo a todos num rastro de cores e harmonia.
Reconheço em D. Ilídia uma das crenças do velho Rosa e do jagunço Riobaldo, "que Deus quer
é ver a gente a ser capaz de ficar alegre a mais, no meio da alegria, e ainda mais alegre no meio
da tristeza."
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o azul e o branco estao otimos no blog, lori; estao dando aas fotos o destaque que estas merecem. fotos e textos mto bons. bjs.
ResponderExcluirAntropologia do olhar, trabalho cuidadoso e sensível.Muito bom através de seu trabalho reconhecer crenças. Grande Abraço.
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