Diêgo Alves
Ensaio do monólogo
"Sinhá Secada", 19-08-2014,
Museu Casa dos Ottoni, Serro, MG.
Apresentação do monólogo
"Sinhá Secada", 19-08-2014,
Museu Casa dos Ottoni, Serro, MG.
Helena Siqueira Torres e
Vitor Gabriel Kuhne,
São Gonçalo do Rio das Pedras,
20-08-2014.
Diêgo Alves e
Helena Siqueira Torres,
São Gonçalo do Rio das Pedras,
20-08-2014.
Diêgo Alves e
Ilídia Batista Lopes,
São Gonçalo do Rio das Pedras,
20-08-2014.
Diêgo Alves
Ensaio do monólogo
"A menina de lá", 20-08-2014,
Museu Casa dos Ottoni, Serro, MG.
Diêgo Alves
Apresentação do monólogo
"A menina de lá", 20-08-2014,
Museu Casa dos Ottoni, Serro, MG.
A
vida nos reserva surpresas que só nos permitindo viver, viver de
verdade, com intensidade, é que poderemos, apesar de tudo, sentir um
átimo de quão maravilhosa ela é.
Após um dia de
árduo trabalho na Cáritas, cansaço físico e mental, saio de
Araçuaí tendo a cidade de Serro como destino. Menos de 10 km após
Virgem da Lapa, a espera angustiante da liberação da estrada devido
ao tombamento de uma carreta, carregada de eucalipto, que devasta o
Vale de cima a baixo. Madrugada insone chego em Diamantina onde o
amigo, diretor, sábio mestre e fotógrafo particular, Lori Figueiró,
pacientemente, num frio de doer, me aguarda, de braços, sorriso e
coração abertos. Compensado, aí, todo o cansaço, a presença
amiga. É hora de pegar estrada e depois de mais um tempo chegamos em
São Gonçalo do Rio das Pedras, onde adormecido o distrito, vagamos
pensares sobre compromissos do dia seguinte. Sandrinha, sempre
presente em pensamentos, em telefonemas ou mensagens delicadamente
endereçadas ao coração e à alma.
Acordo
com uma ansiedade tamanha que o estômago é quem sofre. Voltamos ao
Serro, e já no Museu Casa dos Ottoni, sorrisos, abraços,
cumprimentos cúmplices e muitas expectativas recebem o fotógrafo
responsável pela belíssima exposição: “D. Zefa, A Sacralização
do Cotidiano” e o ator convidado, ambos agraciados com pompas e
circunstâncias de nos fazer pensar “merecemos tudo isso?”.
Reconhecido o espaço, hora de ensaio, ensaio, ensaio. À noite, o
velho frio na barriga e o receio de o público não chegar. Só
receio. A comunidade serrana esteve presente, muitos jovens e
estudantes prestigiaram a abertura da Exposição com entusiasmos,
perguntas, comentários e elogios. Gratificante!
“Sinhá
Secada”: hora da verdade para o ator. Jogar com o público e com o
íntimo. O início e as primeiras cenas, depois a entrega, total e
prazerosa. Cumprida a missão do dia. Lori e eu retornamos a São
Gonçalo com direito a observar no breu do tempo, o casacão da
noite, como diria Nhinhinha. Estrelado que só. Mistérios sem fim...
Acordo
já pedindo “se der gostaria de ver Dona Ilídia e Dona Helena”.
Pedido mais que realizado. Saímos e já no portão da casa de Dona
Helena, o sorriso, belo e sincero de quem recebe um filho: “Lori,
que alegria você por aqui”. Eu já adiantando “e com uma mala
sem alça para visitar a senhora.” “Diogo veio também!”Ela
varia ente Diogo e Diêgo revelando, assim, parte dos meus múltiplos.
“Vamos entrar, que alegria, vem pra cá”. As visitas a quem Dona
Helena fazia sala, educadamente abrem espaço para calorosa recepção.
Modelo já acostumada ao seu ofício de ser fotografada, pega o neto
em consideração, Vitor Gabriel, nos braços e vai conduzindo a
sessão fotográfica, com direito a choro, birra, sorriso e golfadas
do pequenino. Sem espaço para mais ninguém, as visitas se despedem
e ficamos os três, Lori, Dona Helena e eu, rememorando estórias,
histórias, pessoas, saudades. Tempo corrido pra nós, tínhamos
compromissos no Museu Casa dos Ottoni, e já na despedida, ela
matreiramente agarrada ao seu fotógrafo-filho vai revelando
vaidades: a sua aparição no canal GNT e a carta de um novo fã em
Umuarama, lá longe, no Paraná, a quem devia uma resposta à altura
de tamanho mimo. Daí a razão de estar perdendo o sono. E o conforto
do fotógrafo-filho “não se preocupe com isso, seja a senhora
mesma: espontânea como sempre foi, ele vai gostar ainda mais”. De
novo, o sorriso largo frouxo, verdadeiro. Mais despedidas.
Precisávamos ver Dona Ilídia.
Passos silenciosos, adentramos a casa e vamos diretamente ao
quartinho dela, onde já sabíamos que ela estava assistindo a Santa
Missa. A alegria ao nos ver não foi menor que a de Dona Helena.
“Lori e suas mulheres amadas”, penso eu. E no olhar sorridente de
Dona Ilídia, só confirmo o quanto Lori é amado e quanto a sua
presença faz bem a essas senhoras de amor puro. “Estava rezando
pros meus amigos. Sempre rezo e vocês chegaram.” Mais fotos. Somos
levados ao outro quartinho onde ela carinhosamente pede pra sentar ao
meu lado, como ela diz, “meu bem, gordão, de saúde.” Muitos
sorrisos e lembranças. Impressiono com a vitalidade e mostra de
juventude e lucidez de quem em junho passado celebrou 99 anos. “Olha
eu rezei pra você no seu aniversário. E no meu teve até bolo.”
Impressionante como ela que tinha me visto apenas 3 vezes e ouvido
que o meu aniversário era dois dias antes do dela, tão facilmente
se lembrou e ainda, rezou por mim e para mim. Sinal de bem querer. E
que felicidade naquele rosto mais lindo ao receber de minhas mãos o
santinho com a imagem de Nossa Senhora da Abadia, que Lori trouxe
para ela. “Esses presentes são bons, são uma forma da gente olhar
pra eles e lembrar que quem deu, foram pessoas queridas, que a gente
sempre reza. E quando a gente olha matando a saudade, eles aparecem
pra nos ver”. Palavras de Dona Ilídia que vão direto ao mais
profundo do meu Ser e fazem com que eu pense quão bom é ser parte
na vida de alguém. “São essas coisas, Diêgo, que não têm preço
na vida”, diz meu amigo Lori. O que me assusta é que de fato,
daqui a um tempo, bem cedo até, não teremos mais esses velhinhos e
velhinhas sábios em leituras e vivências de mundo a compartilhar
conosco seus saberes, sabores e sonhos. Sim, porque sonham e sem
palavras nos dizem, “viver é muito bom”. Pena que toda essa
sabedoria esvair-se-á no tempo, porque os jovens de hoje, não têm
a juventude necessária para perpetuar esses valores. Mais
despedidas. Precisamos chegar ao Serro para mais uma rodada de
ensaios e preparação para “A Menina de Lá”, outro sonho que
humilde e brilhantemente Sandrinha e Lori compartilham comigo. Grace,
pensamos em você. Quem sabe com “A benfazeja”?
Ensaio,
ensaio, ensaio e muitas emoções: transportar para o artístico toda
uma gama de emoções e sensações pessoais sem fazer disso terapia,
se jogar no abismo dos sentimentos é algo arriscado, perigoso,
talvez por isso mesmo, belo. O Teatro é mágico. E antes de ir para
lá, Nhinhinha encanta as pessoas que ouviram e viram sua curta,
porém marcante história.
Missão
mais uma vez cumprida e a certeza de termos transformado pessoas,
tirando-as do lugar comum. Junto com elas experimentamos a
possibilidade de um novo olhar, de uma nova leitura de mundo e por
alguns instantes fomos um só corpo, uma mesma vida.
Diêgo
Alves
Araçuaí, 27 de agosto de 2014.
Rememorando
felizes dias em São Gonçalo do Rio das Pedras, Serro, Vale do
Jequitinhonha, MG
Lori e Sandrinha, eternamente agradecido pelos caminhos trilhados e compartilhados, mais feliz ainda por agora ser parte dessa casa maravilhosa que é o Centro de Cultura Memorial do Vale.
ResponderExcluirAbraços e beijos do Digas.
Lori parabéns por tudo continue sempre assim... um abraço de Vinicius Macedo e Comité Jovem.
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