Ermínio Coelho Oliveira
Um amigo de se cultivar no sempre, Alessandro
Borges do Rosário, lá das terras de Berilo,
me apresentou o Seu Landrinho, Erminio Coelho Oliveira, 76 anos, numa tarde de domingo ensolarado de abril. Já no primeiro olhar, me senti impressionado por aquele homem, a sua
barba, as suas mãos, o olhar...
me apresentou o Seu Landrinho, Erminio Coelho Oliveira, 76 anos, numa tarde de domingo ensolarado de abril. Já no primeiro olhar, me senti impressionado por aquele homem, a sua
barba, as suas mãos, o olhar...
Me recordei de
Manuelzão, do nosso primeiro encontro, noite fria de junho em
Cordisburgo,
o universo do velho
Rosa. O sertão... Relatei ao Seu Landrinho as minhas impressões,
ele
me ouviu, o sorriso de
compreensão, a voz cuidadosa:
O senhor sabe, nunca
ouvi falar desses homem, João Guimarães, Manuelzão... nunca
mesmo. Pode até de parecer coincidência, mas nós mexia com boi, eu e meu irmão.
Entre tanta outras coisas que'u aprendi fazer na vida, foi de ser boiadeiro por mais de uns
vinte ano, tangendo gado pelos norte afora. Bocaiuva, Montes Claros, Capelinha, Resplandor...
Era oito dias na estrada daqui a Montes Claros... Agora tudo acabou... Parei só quando o boi enricou, tão andando agora até de avião. Quando o boi era pobre, nós ia daqui a Capelinha
até três vez no mês, tudo em lombo de burro... Era muito bom, a gente barrancava era
quando não achava pouso debaixo de árvore, nas beira dos córregos, os rios, tinha muita
água naqueles tempo... Era tudo muito bom! Depois eu fui para São Paulo... trabalhei muito...
mesmo. Pode até de parecer coincidência, mas nós mexia com boi, eu e meu irmão.
Entre tanta outras coisas que'u aprendi fazer na vida, foi de ser boiadeiro por mais de uns
vinte ano, tangendo gado pelos norte afora. Bocaiuva, Montes Claros, Capelinha, Resplandor...
Era oito dias na estrada daqui a Montes Claros... Agora tudo acabou... Parei só quando o boi enricou, tão andando agora até de avião. Quando o boi era pobre, nós ia daqui a Capelinha
até três vez no mês, tudo em lombo de burro... Era muito bom, a gente barrancava era
quando não achava pouso debaixo de árvore, nas beira dos córregos, os rios, tinha muita
água naqueles tempo... Era tudo muito bom! Depois eu fui para São Paulo... trabalhei muito...
Seu
Landrino recebeu o meu livro com um cuidado excessivo, como se não
soubesse o que
fazer.
Sentou novamente, abriu página por página, uma ou outra pergunta, a
voz rouca:
Que maravilha... Uma
santa... O barqueiro no rio... Minha mãe também era parteira... A
roda
de fiar... Daqui a
Chapada do Norte num tinha um pau de cerca, os bicho era tudo brabo,
tudo pegado a laço mesmo... Nós era doze irmão, hoje só eu e mais um, o José...
tudo pegado a laço mesmo... Nós era doze irmão, hoje só eu e mais um, o José...
Me
despedi de Seu Landrinho prometendo voltar com umas fotos de
presente.
Mas o senhor volta
mesmo, fico esperando, muito agradecido o senhor. Deus acompanha,
o senhor volta... Deus
lhe pague...
Lori
Figueiró
Que belezura o seu
livro "Reflexos ao calor do Vale".
Suas fotos despertaram
em mim uma saudade tão boa de Minas,
minha terra de coração!
Em cada página um carinho, uma acolhida!
Saberes, fazeres e
dizeres... tantas lembranças!
O amor pelo
Jequitinhonha é fogo que nunca se apaga...
Parabéns pelo belo
trabalho!
Denise Martins
vive
para projetar um assunto para um certo leitor que entra no corpo
desse
projeto
de assunto. Mas o leitor também tem lá o seu projeto de linguagem
para
o texto que o escritor escreveu. Ou seja, o leitor tem lá, a sua
moda, um
jeito
de escrever o texto que outro escreveu. E aí acontece um jeito de
escrever
e
ler marcado pelo cruzamento de vozes que acabam por coincidirem e não
coincidirem
no que dizem : ao ler as suas imagens no Reflexos ao calor do Vale,
ao
coincidir com o que você registra, Seu Landrinho acaba por contar
uma outra
história
que não coincide com o seu dizer de fotógrafo. Daí, a meu ver, a
riqueza
da
condição do livro.
Abraços.
Edson
Nascimento Campos
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