terça-feira, 22 de outubro de 2013

Coral Ribeirão de Areia, Imagens, Prosas e Poesias XIX

























Fotografia

Na manhã de um azul imprevisível
no avermelhado das terras de Jenipapo de Minas,
Dona Jesuina, enquanto adoçava com rapadura
o café que seria servido em seguida,
resumiu as reflexões e incertezas de Sr. Oscar:
espia Lori, quem nunca viu
quer ver para acabar de querer.
Contemplando a luz refletida
na imagem de Santa Luzia,
na parede por terminar,
a lembrança de minha mãe, sentenciando:
você pode acreditar, o pior cego
é aquele que não quer ver!
E o meu pai muitas vezes
no batente da varanda
fazendo os seus próprios cigarros:
meu filho, para a sua avó,
que Deus a tenha em um bom lugar,
o pior cego é aquele que
somente o que quer ver.
Entre as luzes do presente e
e o brilho das recordações,
o ver e olhar, o olhar de outro modo,
o não ver, o ser visto e querer olhar,
as visões inéditas,
as imagens inefáveis
e as imagens por registrar.
O visível e o invisível,
as sombras do nada.
O olhar dos semelhantes
e o olhar dos visitantes,
o jogo sutil e desconhecido
de olhar e ver.

                                                                 Lori Figueiró

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