Fotografia
Na manhã de um azul
imprevisível
no avermelhado das
terras de Jenipapo de Minas,
Dona Jesuina, enquanto
adoçava com rapadura
o café que seria
servido em seguida,
resumiu as reflexões e
incertezas de Sr. Oscar:
espia Lori,
quem nunca viu
quer ver
para acabar de querer.
Contemplando a luz
refletida
na imagem de Santa
Luzia,
na parede por terminar,
a lembrança de minha
mãe, sentenciando:
você pode
acreditar, o pior cego
é aquele
que não quer ver!
E o meu pai muitas
vezes
no batente da varanda
fazendo os seus
próprios cigarros:
meu filho,
para a sua avó,
que Deus a tenha em
um bom lugar,
o pior
cego é aquele que
vê
somente o
que quer ver.
Entre as luzes do
presente e
e o brilho das
recordações,
o ver e olhar, o olhar
de outro modo,
o não ver, o ser visto
e querer olhar,
as visões inéditas,
as imagens inefáveis
e as imagens por
registrar.
O visível e o
invisível,
as sombras do nada.
O olhar dos semelhantes
e o olhar dos
visitantes,
o jogo sutil e
desconhecido
de olhar e ver.
Lori Figueiró
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