sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Em Pachecos, D. Maria de Zé Caboje e os ofícios de ser parteira, benzedeira e raizeira.

















Maria Barbosa Santos e
José Ferreira dos Santos







































Na comunidade de Pachecos, na barra do Rio Salinas, divisa dos municípios
de Coronel Murta e Virgem da Lapa, na manhã de quinta-feira, me encontrei
com D. Maria Barbosa Santos, conhecida como Maria de Zé Caboje, alcunha
que seu marido Sr. José Ferreira dos Santos herdou de seu avô.
Já D. Maria, adquiriu da mãe, Josefa Maria de Jesus, além do ofício de ser parteira,
a disposição e o compromisso em ajudar os seus semelhantes. Com 75 anos e
sofrendo com as dores do reumatismo, ainda assim, quando solicitada, não mede
esforços para preparar ou ensinar os seus medicamentos caseiros e proporcionar 
o conforto com as suas bençãos e orações.
Quando perguntei a ela qual oração ela fazia na hora dos partos, ela me respondeu:

Fazia muitas oração, fazia oração de Nossa Senhora de Mont"Serrat,
Nossa Senhora do Socorro, tudo quanto é santo eu fazia, minha
Santa Margarida, o senhor me desculpa, minha Santa Margarida
é a primeira Santa que eu lembrava, era essa daí, ela me valia, é.
Eu falava, minha Santa Margarida me dá suas mãos, comparação,
o senhor desculpa, nem tá prenha e nem tá parida, ela me dava aquela
força, eu recebia na hora, é, graças a Deus, é.
Tem muitos santos que eu pegava. A hora que eu entrava ali eu lembrava
dos santos tudo, o senhor sabe, nós que é católico alembra de tudo quanto
é santo da parte de Deus, graças a Deus!

Pedi a ela que me falasse um pouco mais de Santa Margarida, e ela:

Minha Santa Margarida me sua mão
ela nem prenha nem está parida.
Com os poder de Deus e da Virgem Maria.
A hora que Deus ajuda que ela ganhava,
ficava boa, eu tornava falar,
Minha Santa Margarida, graças a Deus
ela nem prenha, está parida.
Com os poder de Deus e Nossa Senhora, amém!

E os poder é de Deus mesmo.
Se Deus querer, nós está, se ele não querer, num é, é...
eu falava, o senhor gostou deu falar?
Pois é, é assim que eu falava, é...
Mas de toda vida minha é, mãe sabe,
é uma oração que a gente reza, é...
Eu tinha essa oração, minha mãe levou, morreu.
Eu não sei pondé que foi,
eu tinha essa oração guardada.
Guardei na memória,
Até hoje eu sei como ela falava tudo, é...
Eu não sei leitura pra eu puder olhar, né,
intão, os filhos sabe,
mas eu guardo na cabeça, é.

Um pouco mais tarde, me despedi de D. Maria, encantado e emocionado com
o seu coração generoso, com a sua fé, com o seu zelo para com o marido, netos,
filhos e filhos de criação, e com a sua alegria, disponibilidade e entusiasmo para
com a vida, mesmo queixando muitas dores e incomodada por depender das mãos
dos outros.


                                                                                                               Lori Figueiró 



Nenhum comentário:

Postar um comentário