Lugar em que há decadência.
Em que as casas começam a morrer e são
habitadas
por morcegos.
Em que os capins lhes entram, aos
homens, casas
portas adentro.
Em que os capins lhes subam pernas
acima, seres adentro.
Luares encontrarão só pedras,
mendigos, cachorros.
Terrenos sitiados pelo abandono,
apropriados à indigência.
Onde os homens terão a força da
indigência.
Manoel de Barros
Andressa Moreira da Silva,
17 anos
Andressa Moreira da Silva
Lembro um menino repetindo as tardes
naquele quintal.
Manoel de Barros
Maria de Fatima Moreira Alves,
17 anos
Para entrar em estado de árvore é preciso partir de
um torpor animal de lagarto às três
horas da tarde,
no mês de agosto.
Em dois anos a inércia e o mato vão
crescer em
nossa boca.
Sofremos alguma decomposição lírica
até o mato
sair na voz.
Manoel de Barros
Ivânia Ferreira da Silva,
15 anos
Andressa Moreira da Silva
Ivânia Ferreira da Silva
Pensar que a gente cessa é íngreme. Minha alegria
ficou sem voz.
Andressa Moreira da Silva
De noite passarinho é órfão
para voar. Não enxerga
nem o pai das vacas
nem o adágio dos arroios.
Seu olho de ovo emaranha com folhas.
No escuro não sabe medir direção e
trompa nos paus.
Passarinho é poeta de arrebol.
Manoel de Barros
Andressa Moreira da Silva
Ivânia Ferreira da Silva
Maria de Fatima Moreira Alves
Em casa de caramujo até o sol encarde.
Manoel de Barros
Ivânia, Ingrid Estefani, Milene e Maria de Fatima
Em nossa comunidade o ribeirão já não
corre água há muitos anos.
Mas Lori, nos convidou a pescar prosas,
versos, cantigas e
poesias, cores e luzes em imagens que
fossem ardentes
como um soluço sem lágrimas,
que tivesse a beleza das flores do
cerrado
e que permanecesse em nossos corações
a pureza das chamas existentes.
a pureza das chamas existentes.
Ingrid Estefani Leite Lisboa, 12 anos
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