domingo, 16 de junho de 2013

Coral Ribeirão de Areia, Imagens, Prosas e Poesias III


A maior riqueza do homem é sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como sou – eu não aceito.
Não aguento ser apenas um sujeito que abre
portas, que puxa válvulas, que olha relógio, que
compra pão às 6 horas da tarde, que vai lá fora,
que aponta lápis, que vê a uva etc.
Perdoai.
Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem usando borboletas.

                                                   Manoel de Barros




John Vitor Moreira dos Santos,
10 anos


Karen Antonia Ferreira,
12 anos


Ingrid Estefani Leite Lisboa,
12 anos


Kaique Leite Lisboa,
8 anos


Walace Rodrigues dos Santos,
13 anos














O meu mundo é pequeno, Senhor.
Tem um rio e um pouco de árvores.
Nossa casa foi feita de costas para o rio.
Formigas recortam roseiras da avó.
Nos fundos do quintal há um menino e suas latas maravilhosas.
Seu olho exagera o azul.
Todas as coisas deste lugar já estão comprometidas com aves.
Aqui, se o horizonte enrubesce um pouco, os
besouros pensam que estão no incêndio.
Quando o rio está começando um peixe,
Ele me coisa
Ele me rã
Ele me árvore.
De tarde um velho tocará sua flauta para inverter os ocasos.


                                                                Manoel de Barros

















A voz de um passarinho me recita.


                                     Manoel de Barros



                            Walece, Erick, Kananda, Kaique e Ingrid Estefani.


Um mistério suave alisando para sempre o coração.

                                                              Manoel de Barros



Kananda Jennifer Leite Lisboa,
9 anos


Maria Silene Moreira Alves,
18 anos


Alessandra Guimarães Rodrigues,
17 anos


Mariana Carolina Ferreira Leite,
12 anos


Kenedy Leite Lisboa,
16 anos















Sem chuvas, já reparei, as andorinhas perdem o poder de voar livres.

                                                                                       Manoel de Barros





                                         
O aferidor

Tenho um Aferidor de Encantamentos.
A uma açucena encostada no rosto de uma criança
O meu Aferidor deu nota dez.
Ao nomezinho de Deus no bico de uma sabiá
O Aferidor deu nota dez.
A uma fuga de Bach que vi nos olhos de uma criatura
O Aferidor deu nota vinte.
Mas a um homem sozinho no fim de uma estrada
sentado nas pedras de suas próprias ruínas
O meu Aferidor deu DESENCANTO.
( O mundo é sortido, Senhor, como dizia meu pai. )


                                                               Manoel de Barros



                                 Fotografia de Maria Silene Moreira Alves.



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