O rio que fazia uma
volta atrás de nossa casa era a
imagem de um vidro mole
que fazia uma volta atrás
de casa.
Passou um homem depois
e disse: Essa volta que o
rio faz por trás de
sua casa se chama enseada.
Não era mais a imagem
de uma cobra de vidro que
fazia uma volta atrás
de casa.
Era uma enseada.
Acho que o nome
empobreceu a imagem.
Manoel de Barros
Alessandra Guimarães Rodrigues,
17 anos
Maria Silene Moreira Alves,
18 anos
Maria Silene Moreira Alves
Kenedy Leite Lisboa,
16 anos
Kenedy Leite Lisboa
Alessandra Guimarães Rodrigues
Tem mais presença em mim o que me falta.
Manoel de Barros
Alessandra Guimarães Rodrigues
Alessandra Guimarães Rodrigues
Maria Silene Moreira Alves
Alessandra Guimarães Rodrigues
Quero a palavra que sirva na boca dos passarinhos.
Manoel de
Barros
Maria Silene Moreira Alves
Kenedy Leite Lisboa
Kenedy Leite Lisboa
Kenedy Leite Lisboa
Maria Silene Moreira Alves
Caminhoso em meu
pântano, dou num taquaral
de pássaros.
Manoel de Barros
Kenedy Leite Lisboa e Alessandra Guimarães Rodrigues
Há histórias tão
verdadeiras que às vezes parece que são inventadas.
Manoel de Barros
Quando me encontrei com Alessandra,
Kenedy e Silene, na manhã da última
quinta-feira, em Ribeirão de Areia,
levava comigo a voz em fado de Socorro Lira
e a saudade neblinando manhãs de minha
infância na fazenda do avô Zeca,
em Sucuriú, hoje, Francisco Badaró.
Lembro do caminho, do
riacho
D'eu passando por
debaixo
Da cerca da divisão
Da água tão limpinha
e lavadeira
Da dor d'alma
curadeira.
Fervilhava o coração.
Lembro com profundo
sentimento
Da promessa, do
unguento
Que saravam meu
quebranto;
Lembro de madrinha
rezadeira,
Saracura, macumbeira
Escondida atrás do
manto.
Trago as lembranças da
menina
Que voava na campina
Parecendo jaçanã
Torno a percorrer cada
vereda
A soprar a labareda
Que acendia a manhã
Sinto o sabor do leite
quente no curral
Bem cedinho, no
quintal,
Berduega florescia
E se estendia no
batente da janela
Quina jura que era dela
A mais bela que floria
As brincadeiras, araçá,
banho de açude...
Para o ano deus ajude
Começo a rezar;
E os olhos regam meu
cantar e o capim
Um roçado dentro, em
mim,
Só de saudade a
safrejar
Solo que arde em febre,
que flameja
Desejoso da chuva que
goteja
A cantar na biqueira do
oitão;
A cantar uma cantiga
plangente
Parece que o chão
sente,,,
Cada nota doída da
canção.
"Amália", Socorro Lira
E como nas outras caminhadas que
fizemos pela comunidade de Ribeirão de Areia,
em nossa mais recente empreitada, eu,
Alessandra, Kenedy e Silene, fizemos novos
registros dos quintais e terrenos com
os seus canaviais, mandiocais, bananeiras e
pastos para os animais, todos
castigados pela falta de chuvas, a ausência de irrigações, e
em muitos, a erosão. Registramos
ainda as hortas comunitárias e algumas barragens para o
armazenamento de água para molhar hortas, pomares e para a
sobrevivência dos animais. Caminhando novamente no leito do antigo
ribeirão, os jovens recordaram os banhos e
brincadeiras nas poças de um rio que
já corria apenas em épocas de chuva, e para o lamento
deles e de todos da comunidade, o
ribeirão se transformou em trilhas de transeuntes, animais
e veículos motorizados.
As caminhadas com as crianças e os
jovens do Coral Ribeirão de Areia pela comunidade
a qual pertecem, foram pensadas e
planejadas com a intenção de transformar os momentos
de descontração e captura de imagens,
uma simples oficina de fotografias, em momentos
de integração e compartilhamento de
saberes, possibilitando assim, novos conhecimentos-reconhecimentos da
comunidade em que vivem e nasceram, e no fortalecimento dos laços
afetivos, familiares e sociais.
Lori Figueiró
Bela iniciativa. Os meninos e meninas do Coral Ribeirão de Areia exercitando outra forma de expressão além do canto. Que tenham sucesso e se realizem.
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