sexta-feira, 21 de junho de 2013

Coral Ribeirão de Areia, Imagens, Prosas e Poesias IV


O rio que fazia uma volta atrás de nossa casa era a
imagem de um vidro mole que fazia uma volta atrás
de casa.
Passou um homem depois e disse: Essa volta que o
rio faz por trás de sua casa se chama enseada.
Não era mais a imagem de uma cobra de vidro que
fazia uma volta atrás de casa.
Era uma enseada.
Acho que o nome empobreceu a imagem.


                                                                          Manoel de Barros




Alessandra Guimarães Rodrigues,
17 anos


Maria Silene Moreira Alves,
18 anos


Maria Silene Moreira Alves



Kenedy Leite Lisboa,
16 anos


Kenedy Leite Lisboa



Alessandra Guimarães Rodrigues















Tem mais presença em mim o que me falta.

                                                   Manoel de Barros



                                     Alessandra Guimarães Rodrigues




Alessandra Guimarães Rodrigues

   Maria Silene Moreira Alves















Alessandra Guimarães Rodrigues

















Quero a palavra que sirva na boca dos passarinhos.


                                                                 Manoel de Barros


                                 
                                         Maria Silene Moreira Alves




Kenedy Leite Lisboa













       Kenedy Leite Lisboa


Kenedy Leite Lisboa


Maria Silene Moreira Alves














Caminhoso em meu pântano, dou num taquaral de pássaros.

                                                                                   Manoel de Barros



                          Kenedy Leite Lisboa e Alessandra Guimarães Rodrigues



Há histórias tão verdadeiras que às vezes parece que são inventadas.

                                                                                        Manoel de Barros 




       

 
Quando me encontrei com Alessandra, Kenedy e Silene, na manhã da última
quinta-feira, em Ribeirão de Areia, levava comigo a voz em fado de Socorro Lira
e a saudade neblinando manhãs de minha infância na fazenda do avô Zeca,
em Sucuriú, hoje, Francisco Badaró.


Lembro do caminho, do riacho
D'eu passando por debaixo
Da cerca da divisão
Da água tão limpinha e lavadeira
Da dor d'alma curadeira.
Fervilhava o coração.

Lembro com profundo sentimento
Da promessa, do unguento
Que saravam meu quebranto;
Lembro de madrinha rezadeira,
Saracura, macumbeira
Escondida atrás do manto.

Trago as lembranças da menina
Que voava na campina
Parecendo jaçanã
Torno a percorrer cada vereda
A soprar a labareda
Que acendia a manhã

Sinto o sabor do leite quente no curral
Bem cedinho, no quintal,
Berduega florescia
E se estendia no batente da janela
Quina jura que era dela
A mais bela que floria

As brincadeiras, araçá, banho de açude...
Para o ano deus ajude
Começo a rezar;
E os olhos regam meu cantar e o capim
Um roçado dentro, em mim,
Só de saudade a safrejar

Solo que arde em febre, que flameja
Desejoso da chuva que goteja
A cantar na biqueira do oitão;
A cantar uma cantiga plangente
Parece que o chão sente,,,
Cada nota doída da canção.


                                             "Amália", Socorro Lira

 
E como nas outras caminhadas que fizemos pela comunidade de Ribeirão de Areia,
em nossa mais recente empreitada, eu, Alessandra, Kenedy e Silene, fizemos novos
registros dos quintais e terrenos com os seus canaviais, mandiocais, bananeiras e
pastos para os animais, todos castigados pela falta de chuvas, a ausência de irrigações, e
em muitos, a erosão. Registramos ainda as hortas comunitárias e algumas barragens para o armazenamento de água para molhar hortas, pomares e para a sobrevivência dos animais. Caminhando novamente no leito do antigo ribeirão, os jovens recordaram os banhos e
brincadeiras nas poças de um rio que já corria apenas em épocas de chuva, e para o lamento
deles e de todos da comunidade, o ribeirão se transformou em trilhas de transeuntes, animais
e veículos motorizados.
As caminhadas com as crianças e os jovens do Coral Ribeirão de Areia pela comunidade
a qual pertecem, foram pensadas e planejadas com a intenção de transformar os momentos
de descontração e captura de imagens, uma simples oficina de fotografias, em momentos
de integração e compartilhamento de saberes, possibilitando assim, novos conhecimentos-reconhecimentos da comunidade em que vivem e nasceram, e no fortalecimento dos laços
afetivos, familiares e sociais.


                                                                                                            Lori Figueiró




Um comentário:

  1. Bela iniciativa. Os meninos e meninas do Coral Ribeirão de Areia exercitando outra forma de expressão além do canto. Que tenham sucesso e se realizem.

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