segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Ilídia Batista Lopes, "pra quando Nossa Senhora me chamar..."

                                                  Ilídia Batista Lopes

 
Entardecer de sexta-feira em São Gonçalo do Rio das Pedras.
Cumprimento Lucília, o seu irmão Geraldo, e vou logo perguntando:
_ E a sua mãe, Lucília, a velha está boa? Tive noticias dela caminhando
pela vila, carregando alguns paus de lenha...
_ A mãe num tem jeito, Lori, é só descuidar e ela estando aprumadinha,
escapole mesmo! Num é que ela foi lá no terreno... Mas tudo desculpa,
o que ela queria mesmo era ver o Joaquim! Eu já falei pra ele, num
faz isso com a mãe, num fica muitos dias sem vim vê a velha...
As mães, como são iguais, ocê num acha? E olha que'u sou mãe...
Concordo, peço licença e vou adentrando pela casa...
Oh de casa! Cadê a velha da casa? Dona Ilídia!
_ Nossa, mas a senhora, hoje, está toda colorida! O lencinho verde...
O cabelo branquinho... Uma blusa azul, a outra rosa, a pele morena,
a saia preta... Olha só, até o terço, quantas cores... Estou gostando de ver,
quanta elegância! É verdade, pode rir, é muita elegância mesmo!
_ Pois é, meu filho, fico arrumadinha assim, pra quando Nossa Senhora
me chamar, eu já tôu pronta, ela num vai ter que me esperar...
E eu vou feliz pro colo dela...

Lori Figueiró





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