quinta-feira, 22 de maio de 2014

Vale: vida, o Jequitinhonha na III Semana da Integração - UFVJM.



Cada um ganha a sua dignidade de ser humano
na qualidade de agente produtor de sentido.

                                    Edson Nascimento Campos































Mulheres e homens, somos os únicos seres que, social e historicamente, nos tornamos capazes de apreender. Por isso, somos os únicos em quem aprender é uma aventura criadora, algo, por isso mesmo, muito mais rico do que meramente repetir a lição dada. Aprender para nós é construir, reconstruir, constatar para mudar, o que não se faz sem abertura ao risco e à aventura do espírito.

Creio poder afirmar, na altura destas considerações, que toda prática educatica demanda a existência de sujeitos, um que, ensinando, aprende, outro que, aprendendo, ensina, daí o seu cunho gnosiológico; a existência de objetos, conteúdos a serem ensinados e aprendidos; envolve o uso de métodos, de técnicas, de materiais; implica, em função de seu caráter diretivo, objetivo, sonhos, utopias, ideais. Daí a sua politicidade, qualidade que tem a prática educativa de ser política, de não poder ser neutra.


                                                                              Paulo Freire, Programados para aprender

D. Zefa, A Sacralização do Cotidiano na III Semana da Integração - UFVJM



Cada um ganha a sua dignidade de ser humano
na qualidade de agente produtor de sentido.

                                    Edson Nascimento Campos


















































Mulheres e homens, somos os únicos seres que, social e historicamente, nos tornamos capazes de apreender. Por isso, somos os únicos em quem aprender é uma aventura criadora, algo, por isso mesmo, muito mais rico do que meramente repetir a lição dada. Aprender para nós é construir, reconstruir, constatar para mudar, o que não se faz sem abertura ao risco e à aventura do espírito.

Creio poder afirmar, na altura destas considerações, que toda prática educatica demanda a existência de sujeitos, um que, ensinando, aprende, outro que, aprendendo, ensina, daí o seu cunho gnosiológico; a existência de objetos, conteúdos a serem ensinados e aprendidos; envolve o uso de métodos, de técnicas, de materiais; implica, em função de seu caráter diretivo, objetivo, sonhos, utopias, ideais. Daí a sua politicidade, qualidade que tem a prática educativa de ser política, de não poder ser neutra.


                                                                        Paulo Freire, Programados para aprender

terça-feira, 20 de maio de 2014

D. Zefa, A Sacralização do Cotidiano II





D. Zefa, A Sacralização do Cotidiano


Deus quando preparou o homem 
 
ele pôs o fogo no coração do homem.

O fogo tá dentro de nós. 
 
O amor é o fogo que nunca se apaga.”


                                Josefa Alves dos Reis


De origem nordestina, Sergipe, Josefa Alves dos Reis, rompeu barreiras, atravessou a dor do desfacelamento familiar e veio parar nas Minas Gerais. Especificamente Araçuaí, cidade do Vale do Jequitinhonha, onde fincou raízes e floresceu no artesanato. Trabalhou vários anos com cerâmica, mas foi na madeira do cerrado que encontrou matéria-prima para verbalizar o seu imaginário e reproduzir o seu olhar sobre as relações e questões humanas, garantindo, por muito tempo, o seu sustento até a sua aposentadoria. Segundo ela, a opção pelo trabalho em madeira é porque ela cura. “Cada pau de madeira cura uma parte do corpo, enquanto o barro resfria e adoece”.

O seu trabalho, como o de tantas outras mulheres do Vale, transcendeu os costumes e a realidade da época, quando em suas criações humanas expressou o instinto materno de reprodução, proteção, acolhimento e ainda contribuiu para o reconhecimento da cultura do Vale.

Hoje, Patrimônio Cultural, Zefa, acostumada a um grande público de admiradores, dedicou-se a arte de contar histórias. E a faz com muita habilidade e destreza que prende a atenção dos ouvintes e dissemina a sua sabedoria. Nessa magia entre relatos de sua vida pessoal e o imaginário, expõe a sua fé, traduzindo vários ensinamentos cristãos e outros extraídos de sua intimidade com a natureza, principalmente, a Mãe Terra que, conforme sua crença, há uma sincronia com Deus e lhe dá tudo que necessita, basta pedir. É raizeira, rezadeira e benzedeira nata.

Nas paredes de sua casa há uma extensa exposição de seu universo profissional e religioso. Essa memória que visualiza todos os dias a fortalece e não se deixa abater pelos 89 anos de idade. No seu dia-a-dia vai esculpindo a Mestra Zefa e fazendo histórias que nos encantam. O seu mundo exterior é habitado por vários animais: gatos, periquitos com quem há um bom convívio. Eles preenchem a sua solidão com afagos e acolhem bem os visitantes.

Essa exposição é parte do Projeto Sacralização do Cotidiano, de autoria do diamantinense, Lori Figueiró, fotógrafo e video-documentarista, membro fundador do Centro de Cultura Memorial do Vale que, através de sua refinada percepção fotográfica, captou essa singularidade - ZEFA - e por meio desses registros, nos apresenta a sua pluralidade expressa em sua arte, sua fé, seu imaginário, seu cotidiano, sua memória que compõem a sua história pessoal e enriquece a cultura desse Vale.


                                                                                          Adna Figueiró Duarte





                                          Josefa Alves dos Reis, (D.Zefa)

sábado, 17 de maio de 2014

III Álbum da Mulher do Jequitinhonha







































                                              Geralda Martins Soares


Com todas as coisas, eu sou feliz, muito feliz mesmo! Tenho muita amizade,
por todo lado que tenho andado! Não tenho nunca comigo que hoje não vai
ser um bom dia! Até agora todos foram e são bons dias!

                                                                          Geralda Martins Soares, (D.Gera)



O convite para falar sobre a temática mulher e saúde no Vale do Jequitinhonha,
no III Fórum da Mulher do Jequinhonha, em junho de 2013, trouxe a primeira
questão: de qual mulher falar? Elas são tantas e têm tanto a ensinar que o encontro
no Fórum mostrou isso através das falas e danças apresentadas durante o evento.
A fala de Dona Gera foi uma aula de conhecimento sobre a arte de partejar, sobre ser
mulher, sobre ética e sobre resiliência. As mulheres do Vale são resilientes. Elas têm
a capacidade de enfrentar problemas e sair-se fortalecidades a ponto de rir deles.
...

                                                       Silvia Regina Paes e Ramoci Leuchtenberger




Geralda Martins Soares
(Mãe Gera)


São minhas essas palavras, meu filho.
E essas mãos, vou te contar, são abençoadas.
Vim ao mundo com a sina de ajudar a Deus,
também minha avó Maria Joana e a minha mãe Maria.
Por onde elas viajavam iam colhendo as crianças.
Tantas crianças recebidas do ventre das mãe,
da minha parte, nem sei mais contar, perdi as conta.
A vida, como eu falo, é assim meu filho,
a gente tem tanta dor, agonia, tanta estrepulia,
e os filho depois de tomar pé, arriba poeira
vão caminhar os dias e a ansia de vontades,
desembestados.
O mundo, já pus sentido, é quem cuida, quem ensina,
quem distribui rumo e determinação.
Não damos domínio, com fechos e tramelas,
nós até tenta e muito, ocê sabe, é verdade,
mas sem proveito, de nada vale.
Cabe a nós, as mãe, rezar,
e no sempre e a cada dia orientar
dizendo a eles as palavras de bem e de paz
para que Deus, nosso Pai Caridoso e Misericordioso,
ouvindo, diga amém, abençoando
e protegendo a todos nós.

                                                                                         Lori Figueiró




Lançamento do
Álbum do III Fórum da Mulher do Jequitinhonha
Capelinha – MG 2013
Programa Polo de Integração da UFMG no Vale do Jequitinhonha
Fotografias de Lori Figueiró 
Gráfica Imprensa Universitária da UFMG – 2013