domingo, 3 de junho de 2012

Aleila, "é tudo brincadeira".












 


Aleila de Caldas Moreira,
e o Grupo de Roda Luz que Brilha,
recebendo a visita de  
Bernardino Lopes de Caldas.












Sexta-feira, finalzinho de tarde, combinamos de nos encontrar na Casinha de Cultura
Flor de São João. Era a segunda vez que me encontraria com Aleila. Levava comigo
a luz do seu olhar, a alegria das suas mãos, a dança dos seus pés, a poesia dos seus
versos e cantigas e a força que emanava de ser mulher, mãe de 7 filhos, lavradora,
brincante e poetisa. Assim, que nos avistamos, Aleila batendo palmas e cantando:

eu vou fazer meu recortado
na folha da bananeira
na folha da bananeira

e eu desprevenido e acanhado, recebi o seu abraço e os versinhos que eu deveria
ter respondido a ela:

ocê me dá a sua mão
eu choro, se ocê for namoradora
se ocê for namoradora

Ao som de muitas palmas, do violão de Sr. Bernardino e da Caixa de Folia de Maria Geni,
Aleila cantou versos e cantigas, dançou Roda, Alinhavado e o Nove com o Grupo de Roda
Luz que Brilha, noite adentro, outras estrelas, até a cabeceira do São João dos Marques.
Respondendo às minhas indagações, Aleila foi me revelando, sabe Lori, não costumo 
anotar as palavras que escrevo, guardo aqui na cabeça, nos cadernos, pouca coisa, 
é tudo brincadeira. E assim como quem nada quer, vou falar procê uma poesia 
que eu fiz outro dia mesmo, ainda não tem nome, o nome eu te falo depois, 
é só ocê me alembrar.

Veio alguém
bateu em minha porta
eu falsiei e não quis abrir
pensei que fosse a saudade
que viesse a me perseguir.
Bateu de novo com força
mas deixou, não insistiu
desceu a escada correndo
e para sempre partiu
deixando em minha porta
estas palavras fatais:
eu era felicidade
vou e não volto nunca mais!

Meu endereço é rua da amargura
número do coração
avenida da paixão,
você me encontra
na casa da solidão.

Esta é a única maneira
de encontrar o meu coração.


Emocionado, pedi a ela que comprasse um caderno e anotasse os seus versos e cantigas,
e tudo aquilo que ela chamava de brincadeira. Nos despedimos com a promessa de outros
encontros, outras brincadeiras anotadas num caderno.
Na noite estrelada, Aleila correndo para dentro da casa, cantava:

Oi, bate a paina, sacode a paina
ponhe a paina pra secar
quando for a meia noite
quero ver paina voar

                                                                                                   Lori Figueiró

Um comentário:

  1. Educar-se com o lúdico, Maravilha.
    Seu trabalho de registro sobre as cantigas, danças de roda e brincadeiras: bela iniciativa.

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