sexta-feira, 13 de julho de 2012

Em Coronel Murta, um encontro com D. Ana e Sr. Geraldo


 







 






Ana das Graças Santos Jardim, 64 anos e Geraldo Viana Jardim, 79 anos.








De onde estou,
vou ouvindo D. Ana, lá em Coronel Murta,
tocando o seu prato e cantando:

       Geraldo é bonitinho
       e todo mundo disse que é.
       Ele parece o Deus menino
       nos bracinhos de São José.

       Cabelo louro vai
       lá em casa passear.
       Vai, vai cabelo louro
       saudade me matar.

E Sr. Geraldo, satisfeito, me confessando: 
Seu Lori, Ana é assim, a vida toda.
Cuidando da casa, dos filhos, me ajudando,
gostando sempre dos versos, do batuque,
costurando as suas bonecas de pano,
e olha que nós já temos 43 anos de casados.
Eu digo mesmo, é o jeito da pessoa,
nasce com o dom, o dom que Deus deu, né?
Eu a vida toda na lavoura,
não passei pela escola, o meu pai me procedeu
o meu melhor aprendizado, não me esqueço...
Os afazeres da terra, das criações, muito trabalho,
a honestidade, o respeito aos mais velhos e a Deus,
o correto pelo correto, a sinceridade. Não me esqueço...
A escola do meu pai acho que foi até melhor
do que se eu tivesse a leitura, andei o mundo,
o mundo ensina, o meu pai, o Sr. não acha,
não foi o meu melhor professor?
Gosto de ouvir Ana cantando seus versos, suas modinhas,
batendo seu prato.
Eu, Seu Lori, não levo jeito pra essas coisas, não guardo os versos,
não sei tocar nada, nada. Mas, é assim mesmo...
Não me importo, somos muito felizes!
E D. Ana toda satisfeita, a felicidade em pessoa,
enquanto a água não fervia para o cafezinho,
nos servindo um doce de leite, feito por ela com o mesmo zelo
com que toca o seu prato, o doce muito cremoso,
uma nata, maravilhoso, enquanto cantava:

     O engenho tá moendo,
     quero ver cachoeira.
     O engenho tá moendo,
     quero ver cachoeira.

     A cana é minha,
     o engenho é seu,
     a garapa é minha,
     o bagaço é seu.

     O engenho tá moendo,
     quero ver cachoeira.
     O engenho tá moendo,
     quero ver cachoeira.


                                                                                Lori Figueiró


À Mara Leticia N. P. Figueredo, os meus agradecimentos mais sinceros.



Um comentário:

  1. ... cada um Seu Lori tem um dom,
    em seu blog o olhar sensível para as sensibi-
    lidades que tocam.

    ResponderExcluir