sábado, 15 de dezembro de 2012

"... a alegria não chega apenas no encontro do achado."


 
A alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo da busca.
E ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria.

                                                                                                         Paulo Freire



Maria Aparecida Marques Costa
e Laurindo Alves Pereira Santos,
Ouro Fino, Coronel Murta.

       Ana das Graças Santos Jardim
       e Geraldo Viana Jardim,
       Coronel Murta.

Maria Barbosa Silva,
Coronel Murta.

              Arnaldo Andrade Loyola,
              Coronel Murta.

Cleonice Amorim de Souza
e Geralda Souza de Amorim,
Alto Morro Redondo, Coronel Murta.

          Irene Cristina Santos Silva e
          Alexia Santos Silva,
          Ouro Fino, Coronel Murta.












Canção para os fonemas da alegria

Peço licença para algumas coisas.
Primeiramente para desfraudar
este canto de amor publicamente.

Sucede que sei dizer amor
quando reparto o ramo azul de estrelas
que em meu peito floresce menino.

Peço licença para soletrar,
no alfabeto do sol pernambucano
a palavra ti-jo-lo, por exemplo,

e poder ver que dentro delas vivem
paredes, aconchegos e janelas,
e descobrir que todos os fonemas

são mágicos sinais que vão se abrindo
constelação de girassóis girando
em círculos de amor que de repente
estalam como flor no chão da casa.

Às vezes nem casa: é o chão.
Mas sobre o chão quem reina agora é um homem
diferente, que acaba de nascer:

porque unindo pedaços de palavras
aos poucos vai unindo argila e orvalho,
tristeza e pão, cambão e beija-flor,

e acaba por unir a própria vida
no seu peito partida e repartida
quando afinal descobre um clarão

que o mundo é seu também, que o seu trabalho
não é a pena que paga por ser homem,
mas um modo de amar e de ajudar
o mundo a ser melhor.

Peço licença
para avisar que, ao gosto de Jesus,
este homem renascido é um homem novo:

ele atravessa os campos espalhando
a boa-nova, e chama os companheiros
a pelejar no limpo, fronte a fronte,

contra o bicho de quatrocentos anos,
mas cujo fel espesso não resiste
a quarenta horas de total ternura.

Peço licença pra terminar
soletrando a canção da rebeldia
que existe nos fonemas da alegria:

canção de amor geral que eu vi crescer
nos olhos do homem que aprendeu a ler.

                                                                Thiago de Melo, dedicado a Paulo Freire.

Um comentário: