segunda-feira, 13 de agosto de 2012

D. Loura e as recordações da avó em prosa e poesia


Laurita Alves Viana











                                                                Laurita Alves Viana e Valdevino Manoel da Piedade



Na sexta-feira dia 10 de agosto, me encontrei novamente
com Valdevino, agora na companhia de D. Loura, sua irmã, com a intenção
de registrarmos a força e a beleza de suas vozes, interpretando versos,
cantigas, lembranças e saudades. D. Loura, assim que nos comprimentamos,
foi logo cantando:

lelê vou tirar, lelê vou tirar
lelê vou tirar o charuto da boca
e beber guaraná
vou quebrar a panela da minha sinhá.

Isso Lori, era da minha Diolina, foi ela que inventou isso,
Valdevino te falou dela, e eu recordo que também te falei dela.
Quando ia casar a filha caçula,
aí, arrumava panelinha de barro, 
colocava cada coisa que tinha na festa,
era doce, era biscoito, nessa panelinha.
Aí, na hora que terminava o casamento, cantava pra noiva:

lelê vou tirar, lelê vou tirar
lelê vou tirar o charuto da boca
e beber guaraná
vou quebrar a panela da minha sinhá.

Era assim, quando era a noiva, era a panela,
quando era o noivo, era o pote.
Minha Vó, eu alembro que ela era uma velha
muito boazinha, ela gostava de rezar o terço cantado,
e a Salve Rainha dela também era cantada, era bonita,
os terços de antigamente era bonito que era os terços cantado.
E eu alembro dela jogando versos, muitos versos... assim, cantados:

meu boi bebeu, gabiroba
no bebedor, gabiroba
meu chapéu caiu, gabiroba
meu amor apanhou, gabiroba

E ela não podia ver um bêbado, qualquer cachaçeiro,
que ela cantava assim, numa alegria só:

No domingo eu fui na venda
e levei pouco dinheiro                  Bis

em vez deu comprar açúcar
eu comprei a pinga primeiro        Bis

a mulher veio me buscar
de raiva voltou chorando              Bis

não aguentou me levantar
me levou foi arrastando                Bis

peço pra quando eu morrer
me enterrar na terra dura              Bis

bem pertinho do alambique
onde corre a pinga pura.               Bis

As recordações de D. Loura provocaram no irmão outras recordações,
que os dois emocionados, em prosa e poesia cantaram e se expressaram
encantando os ouvintes privilegiados na manhã de um azul encarnado
de luz e magia, em Ouro Fino, Coronel Murta.


                                                                                                                 Lori Figueiró

À Maria Aparecida M. C. Oliveira, Cida, os meus agradecimentos
pelo carinho e tantos cuidados. 

Um comentário:

  1. Loriii!!! Amei seu blog! Fotos lindas!
    Saudades de você!
    bjs Mariana Limongi

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